Um novo modo de pensar e viver longe do jogo.

Sou um jogador compulsivo em recuperação, não faço a primeira aposta há 4 anos e 1 mês. Manterei o anonimato, um dos princípios básicos de Jogadores Anônimos.

Do fundo do coração digo que minha vida pode ser dividida em antes de Jogadores Anônimos e depois de Jogadores Anônimos. Aprendi e compreendi em JA que é possível encontrar um novo modo de pensar e viver! Viver sem o jogo parecia impossível, mas agora um dia de cada vez venho desfrutando dessa liberdade maravilhosa!

O jogo em um primeiro momento parecia inofensivo. Era um passatempo, uma diversão. Aqueles dois reais, cinco reais não faziam mal a ninguém! E a adrenalina, prazer que dava na hora? E aquela sensação indescritível quando tinha um grande ganho? E aquela sensação de que por alguns momentos eu era poderoso ou poderia me tornar poderoso?

O jogo me enganou! Eu atravessei a linha invisível do jogo fora do controle! Os dois reais viraram dez, cinquenta. E depois já apostava cem, quinhentos reais. Mil reais em uma aposta! Jogava dinheiro que não tinha. E o passatempo? Que passatempo? Eu pensava quase que 24 horas por dia em jogo! Isso é passatempo? O prazer era falso! Virou angústia, ansiedade, tensão! Todo dinheiro que ganhava no jogo voltava para o jogo! Se eu perdia no jogo, jogava novamente para tentar recuperar, ou seja, passei a ser escravo dessa compulsão. Não agia mais com razão, discernimento. Cheguei ali no fundo do poço (cada um sabe qual é o seu), meus defeitos de caráter aflorados, deprimido, sem dinheiro, com três empréstimos para pagar por dívidas contraídas por causa do jogo, com meu casamento à beira da destruição...

Por um desses milagres da vida, fui a uma reunião de Jogadores Anônimos. Cheguei descrente e achando que ia ouvir um monte de baboseira, sermão, etc. Que arrogante eu era! Logo vi que os membros não faziam julgamentos uns dos outros. Logo me identifiquei com os depoimentos de outras pessoas. As modalidades de jogo variavam (a minha era apostas esportivas), mas o padrão de comportamento do jogador compulsivo era o mesmo! Todos ali eram como eu e dividiam o propósito comum de ficarem longe da primeira aposta! Aos poucos fui me soltando, escutava com atenção os depoimentos dos demais companheiros e contava minha história para eles, meus problemas, o que o jogo tinha feito com minha vida, etc. Contava também sobre minhas conquistas diárias, problemas diários também (eles fazem parte da vida). Tirava um caminhão das minhas costas a cada reunião e não me sentia mais sozinho! Passei também a identificar meus defeitos como ser humano e tentar me tornar uma versão melhor de mim mesmo. E ali nas reuniões, nessa troca de experiências, força, fé e esperança, um dia de cada vez, fui ganhando tempo de abstinência.

Gente, quantas vezes eu tentei parar de jogar sozinho!!! Até jurei de pé junto (várias vezes) que ia parar de jogar! Fazia inúmeras promessas! Mas logo voltava a jogar. Agora em um Grupo de mútua ajuda eu estou conseguindo!

Fechada a torneira dos gastos com o jogo o problema financeiro foi se acertando aos poucos. Meu casamento foi reconstruído e hoje fomos abençoados com o nascimento da minha primeira filha! Aprendi a valorizar a família!  Aprendi a gostar de coisas novas. Aprendi muito com meus erros do passado, mas ao mesmo tempo me perdoei e passei a desenhar uma nova história para minha vida. Existe uma frase na literatura de Jogadores Anônimos que é simples, mas é muito sábia: “Faça coisas boas, que boas coisas vão lhe acontecer”! E é isso que venho experimentando.

Sim, há vida sem o jogo! Se você está lendo esse depoimento e acha que o jogo se tornou um problema maior na sua vida, se dê a oportunidade de conhecer Jogadores Anônimos! Você será muito bem acolhido como nunca imaginou ser. Honestidade, boa vontade e mente aberta! É possível parar de jogar!

Abraços fraternos, xxxxxx

Se você quer parar de jogar ou se você é um familiar ou amigo de um jogador compulsivo e gostaria de ajudá-lo escreva para nós. Mande um e-mail para contato@grupojaonline.com.br